terça-feira, 31 de agosto de 2010

Umbanda e Astrologia - Parte II

Umbanda e Astrologia - Parte II

Salve, Lista,

Continuando o tema, hoje vamos falar um pouco sobre astrologia e Orixás, pois isso irá nos auxiliar a entender o porque aquele esquema da coroa (7 guias principais de direita e 7 de esquerda) nos auxilia no nosso dia-a-dia.

Para isso, selecionei um texto de Astrologia, escrito pelo irmão Marcelo del Debbio, de forma a começarmos a entender o que se passa.

Energias e os 12 Signos
Nossa realidade é baseada em um conceito dual de energias que se complementam, que os orientais chamam de Yang e Yin, positiva e negativa, masculina e feminina, penetrante e penetrada, luz e sombra, calor e frio, etéreo e denso e por ai vai.

Se imaginarmos que no início dos tempos a energia primordial dividiu-se em duas (Yin e Yang). Mais tarde, estas duas energias dividiram-se novamente, originando 4 energias: Fogo (espírito, yang-yang), Água (emoção, yang-yin), Ar (razão, Yin-Yang) e Terra (físico, Yin-Yin). Como as combinações yin-yang e yang-yin estão em um mesmo nível de energia (que chamamos de mente, um meio termo entre corpo e espírito, formada pela razão e emoção), os ocultistas dividiam o nosso corpo em três partes (corpo, mente e alma).

Simples até agora?
Bem… com uma terceira divisão, considerando apenas 3 “patamares” energéticos (que os astrólogos chamam de Fixo (terra), Cardinal (Fogo) e Mutável (ar, água), chegamos a 12 energias diferentes que agem sobre o ser humano (observe a imagem que eu fiz para uma melhor compreensão). Deste pequeno gráfico chegamos à divisão dos signos em 4 grupos: Fogo (Áries, Leão e Sagitário), Água (Câncer, Escorpião e Peixes), Ar (Aquário, Gêmeos e Libra) e Terra (Capricórnio, Virgem e Touro). Outras pessoas preferem agrupar estas energias em 3 categorias: Cardinal (Áries, Câncer, Libra e Capricórnio), Mutável (Gêmeos, Virgem, Sagitário e Peixes) e Fixo (Touro, Leão, Escorpião e Aquário) mas na verdade, tanto faz.
Marcelo Del Debbio (http://www.deldebbio.com.br/index.php/2009/06/02/pequeno-resumo-de-...)

Quando nós nascemos, uma impressão da energia do Sol é colocada em nosso "espírito", mas como conseguir saber que impressão é essa? Se fosse uma moeda, bastaríamos olhar para a marca que a máquina de fazer moedas fez, mas como conseguir olhar a marca de nosso espírito?

Vamos dar um exemplo. Quando você está dirigindo na estrada, você fica a uma determinada velocidade. No início, quando você ainda é inexperiente, é importante você olhar para o velocímetro do carro, pois ele que indica a velocidade na qual o carro se encontra.

Se você meter um prego no painel, a 80Km/h, por exemplo, o ponteiro pode até não andar mais, ficando parado no 80, mas o carro pode continuar andando cada vez mais rápido. Então não é o ponteiro que dita a velocidade na qual o carro anda, ele é apenas uma forma de indicar essa velocidade.

O mesmo se passa com a Astrologia. Os planetas não emitem energia que nos altera, não tem campo gravitacional que chega até nós, etc etc... Eles são apenas o "velocímetro" da energia que vem do Sol.

Tem gente que conforme ganha experiência no trânsito, já sabe em que velocidade o carro está andando sem ao menos olhar pro velocímetro. Isso, na nossa metáfora, é a intuição que chega até a pessoa. É quando um astrólogo diz que "sente" o mapa de alguém.

Voltando ao nosso estudo, como sabemos quais as energias que estão impressas em nossa alma? Através do mapa (astral) natal da pessoa, podemos olhar para os sete "planetas" principais (Sol, Lua, Vênus, Marte, Mercúrio, Júpiter e Saturno) e verificar quais a quantidade de planetas em cada um dos elementos. Como assim? Se temos um planteta no signo de Áries, por exemplo, temos um planeta no elemento Fogo. Se fosse um planeta em Touro, seria um planeta em Terra.

Assim, vamos olhando para o mapa e contando os planetas, para saber como é o nosso "placar" energético. Para fazer seu mapa astral, basta pegar seus dados de nascimento (data, hora e local) e ir em algum site que gera esse mapa para você. O www.alabe.com faz isto de graça (tem um local escrito Free Chart na coluna da esquerda).

Neste site aqui (http://www.deldebbio.com.br/index.php/2009/05/22/astrologia-planeta...) tem a descrição dos símbolos dos planetas que vocês devem contar, e uma pequena descrição do que tal planeta significa, caso interesse.

Esses quatro elementos também tem a ver com Alquimia, Tarot e Kabballah, mas isso não é importante agora... É interessante entender o que representa cada um dos quatro elementos (Terra - Físico; Ar - Mente, Ação; Água - Emoção; Fogo - Espírito), pois isso é fundamental para compreender o próximo post, sobre as energias dos Orixás e o que precisamos trabalhar em nossa vida.

LIÇÃO DE CASA: Verificar no seu mapa astral como estão distribuidas suas energias entre os quatro elementos e procurar o significado do seu nome.

Sumário

- Podemos dizer que existem quatro tipos de elementos: Terra, Ar, Água e Fogo. Cada um deles está associado à um campo de características do ser humano.

- Os planetas no mapa astral apenas são indicadores da energia enviada pelo Sol, eles não mandam coisas para nós. Cada planeta representa uma característica do ser humano, bem como cada signo representa um tipo de energia.

- Através dos sete planetas herméticos, e do mapa astral, podemos ver como os quatro elementos estão distribuídos em nossa existência, detectando excessos e deficiências.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Umbanda e Astrologia - Parte I

Entendendo melhor sua coroa através da Astrologia - Parte I

Muito se diz que complicar os estudos atrapalha mais do que ajuda: e quem o diz está certo. A beleza do conhecimento está na simplicidade. Então se está na simplicidade, pra que estudar isto?

Existem diversas vias de se chegar ao conhecimento do coração. Porém, enquanto não estamos lá, dúvidas surgem, e ao verificar que nossas intuições vão muito de acordo com verdades antigas e conhecimentos milenares há uma grande chance de nossa confiança melhorar.

Só devemos tomar o cuidado de não nos focarmos demais nesse conhecimento, e esquecer o principal: a melhora interior de cada um. Porque esse blablabla de melhora interior? Porque conhecer sua coroa tem tudo a ver com isso... e também com astrologia.

Como é a nossa coroa?

Cada casa afirma que a coroa é de uma determinada maneira, com orixá de frente, adjunto, ancestral... Quanto a isso, coloco um texto abaixo, de autoria de Pai Juruá, para que possam meditar a respeito.

Orixá da coroa

Localização do ponto de força de recepção energética: Alto da cabeça.
Coroa.

Irradia para o nosso caminho espiritual, nos doando qualidades atributos e atribuições necessárias a nossa evolução espiritual, ou mesmo absorvendo os excessos.

Orixá de frente

Localização do ponto de força de recepção energética: Entre as sobrancelhas, meio da testa (3º olho).

Irradia para o nosso caminho material, nos doando qualidades atributos e atribuições necessárias a nossa vida física presente, ou mesmo absorvendo os excessos.

Orixá junto

Localização do ponto de força de recepção energética: Em toda a extensão da nuca.

Irradia, auxilia-nos com suas qualidades atributos e atribuições, o aprendizado das verdades divinas, adquiridos em vivenciações passadas, bem como ao equilíbrio dos erros cometidos, a fim de nos reequilibrarmos no presente para a nossa evolução.

Obs: A palavra juntó é um designativo regional e foi adjudicada do termo adjunto, que quer dizer: algo em aporte; auxílio; junto; do lado.

Orixá da direita

Localização do ponto de força de recepção energética: Na região acimada orelha direita .

É aquele que irradia com suas qualidades, atributos e atribuições, a nossa direita, ou seja, o nosso consciente, o nosso pólo positivo e as virtudes humanas (absorvendo os excessos ou irradiando a falta).

O lado direito do nosso cérebro físico e do cérebro espiritual comanda o nosso emocional, refletindo o nosso “Eu positivo”, ou seja, o da justiça, do bom combate, do bom caminho, da vereda certa e da vida verdadeira. É o lado que reflete as nossas “virtudes”. É o lado da
Espiritualidade Maior; o lado da realidade.

O lado direito é o lado da Espiritualidade. É dos que vivem com Deus, cumprindo-lhe as Leis.

Orixá da esquerda

Localização do ponto de força de recepção energética: Na região acima da orelha esquerda.

É aquele que irradia com suas qualidades, atributos e atribuições a nossa esquerda, ou seja, o nosso inconsciente, o nosso pólo negativo, os defeitos humanos (absorvendo os excessos ou mantendo o equilíbrio).

O lado esquerdo do nosso cérebro físico e do cérebro espiritual comanda o nosso racional, refletindo o nosso “Eu negativo”, ou seja, o das injustiças, da inércia, do mau caminho, das incertezas e da vida ilusória. É o lado que reflete os nossos “defeitos”; o lado das
ilusões.

O lado esquerdo é o lado das ilusões. É o dos que estão apenas vivendo para o mundo e desejando o muito sem Deus.

Com tudo isso não estamos querendo dizer que existem Orixá que comandam as nossas virtudes ou os nossos defeitos, mas sim, que Eles estão a postos, a fim de nos auxiliar absorvendo os excessos ou irradiando a falta daquilo que nos é importante em nossa escalada evolutiva..

A cada encarnação, de acordo com as nossas necessidades, os Orixás de coroa, frente, junto, de direita e de esquerda são trocados, estimulando, paralisando, renovando, direcionando, etc., aquilo que esta nos faltando ou que esta em excesso em nossas vidas. Basta sabermos, com certeza, os Orixás que regem a nossa coroa, frente, juntó, de direita e de esquerda e seremos sabedores das nossas virtudes, falhas e excessos, a fim de efetuarmos com êxito a nossa Reforma Íntima.

Se conhecermos as regências da pessoa é possível fazer uma previsão de como será o temperamento desta pessoa e a maneira como ele encara a vida e seus relacionamentos, através dos Orixás que o regem.


Fonte: Pai Juruá. O ABC DO SERVIDOR UMBANDISTA.
Uma visão "diferente"

Em nossa casa, a coroa do médium é exemplificada de uma forma um pouco "diferente". Digo diferente, pois embora o nome seja semelhante, o significado é diferente. E na próxima parte, itemos ver como associar algumas características do seu mapa Natal com a disposição de sua coroa (e porque os guias também mudam de nome ao longo da vida).

Médium, Guias de direita, Guias de esquerda e Anjo da Guarda

Quando encarnamos, realizamos um "contrato" no astral, onde espíritos irão trabalhar conosco durante nossa jornada. Sendo médiuns, teremos os guias de direita, que trabalham no desenvolvimento de nossas características positivas, e os guias de esquerda, que nos auxiliam a eliminar as características negativas.

Um mentor mais elevado, o Anjo da Guarda, nos auxilia na construção da programação de nossa vida, no que podemos fazer, no que não devemos, alternativas de encarnação, e também com influxos elevados durante nossa encarnação, para que nos relembremos do porquê estamos aqui, do que nos propomos a aprender e realizar.

Posição dos guias e do anjo na coroa
O Anjo da Guarda (diferente de Anjo Guardião, que são os nossos guias de esquerda) não está pertencente à nossa coroa. Ele está ligado apenas à nossa programação existencial.

Agora, os nossos guias de direita e de esquerda estão sim bem ligados à nossa coroa e ao que devemos trabalhar em vida. Observe o esquema abaixo, onde E1, E2, ..., E7 representam os guias de esquerda e D1, D2, ..., D7 representam os guia de direita:

E7 E6 E5 E4 E3 E2 E1 Médium D1 D2 D3 D4 D5 D6 D7

Mais afastado Mais próximo Mais próximo Mais afastado

Imaginando o médium no centro, vemos que existem alguns guias mais próximos do médium, e outros mais afastados. Cada guia possui uma energia associada, e esta energia nos serve de auxílio para trabalharmos uma característica em particular.

Exemplo: se possuímos um Caboclo Ogum 7 Ondas em nossa coroa precisamos trabalhar as características da Ordem no campo da Geração em cada uma das linhas dos Orixás.

Assim, quanto mais próximo do médium, no esquema acima, mais o médium deverá desenvolver aquela característica, que está associada à energia do guia. Voltando ao exemplo, se o seu Ogum 7 Ondas estiver na posição D1, as características dele é o que você mais precisará desenvolver nesta vida. Caso ele esteja na posição D7, é o que você menos precisa desenvolver, ou foi o que você se programou para não dar a devida atenção nesta vida.


SUMÁRIO

Neste sumário estão alguns tópicos que contém um resumo do que foi dito. Caso deseje, tente relembrar o conteúdo associado a cada um desses tópicos, e antes da próxima parte releia estes tópicos:

- Existem algumas formas diferentes de mostrar como é a coroa do médium, e que tem a ver com a maneira da casa passar seus ensinamentos.

- Cada guia tem uma função, seja auxiliar na expansão do positivo, ou no trabalho do negativo, e possuem tanto energias quanto nomes que auxiliam na atual encarnação do médium.

- A posição do guia na coroa do médium tem relação direta com o que ele precisa trabalhar nesta vida: quanto mais próximo do médium, maior o desafio do médium para desenvolver aquelas características em sua vida.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Os Orixás Na Umbanda

Os Orixás Na Umbanda

Por: Mãe Iassan Ayporê Pery

Dirigente do Centro Espiritualista Caboclo Pery


@Douglas: O texto é muito bom. Quando ela combina as energias dos Orixás não se prendam na nomenclatura, e sim na essência.

Para que possamos entender o Orixá em sua absoluta essência, é necessária uma enorme capacidade de abstração. O que diversos autores tem tentado valentemente explicar é algo absolutamente intangível ao nosso nível de consciência.

Orixá não é divindade, pois na Umbanda cremos num único Deus. A Umbanda não é politeísta, portanto o que passaremos a descrever não é uma teogonia. Orixá é potência de luz emanada de Deus, O Criador.

Ordinariamente entendemos a manifestação do Orixá, através das forças da natureza, é o máximo que conseguimos, pois em sua essência verdadeira é pura luz. E como entender isso? É como querer entender e explicar Deus, tarefa impossível a qualquer um de nós.

Entretanto, tendo em mente isso, podemos tentar entender juntos o caminho inverso, ou seja, da terra para o Alto, até porque para entendermos o que ocorre acima disso, precisaríamos entrar em esferas elevadíssimas que fogem ao nosso entendimento, pois ninguém tem alcance para isso. Tudo que falam são conjecturas, bravas e algumas até louváveis tentativas, mas nada absoluto. A verdade de cada um deve ser respeitada, assim como a compreensão. Avançar a esferas superior nos será naturalmente permitido quando tivermos evolução para tal.

Na realidade o que a Umbanda fez foi "organizar" as manifestações divinas, em uma linguagem que pudéssemos compreender. Todas as "complicações" provenientes do aprendizado na Umbanda são por nossa exclusiva culpa e ignorância, basta que conversemos com qualquer Preto Velho, para termos a certeza disto.

Pensemos a princípios nos Sete Orixás Básicos que se manifestam em nível de terreiro, ou seja, de incorporação: Oxoce, Ogum, Xangô, Omulu, Oxum, Iemanjá e Iansã.[1]

A manifestação, em nível de terreiro, de cada um se dá através de espíritos enviados de cada uma destas forças. Importante ressaltar que na Umbanda não incorporamos o Orixá, mas sim os seus enviados ou representantes, que são espíritos que já encarnaram e que tem cada um o seu próprio karma, história, característica missionária, evolutiva, de personalidade etc.

Temos a tendência de acreditar ou pensar que cada Orixá é o reino ao qual está associado, entretanto Orixá é muito mais do que isso, e é exatamente esse "muito mais do que isso" que não conseguimos explicar em palavras, mas grosseiramente falando é o amor de Deus espalhado e ao mesmo tempo condensado em 7 raios básicos, destinados ao planeta Terra, que objetivam, ao chegarem aqui, traduzidos pelos diversos sub-planos que passaram, nos auxiliar no nosso karma, e que se manifestam através das forças e reinos da natureza. O Orixá está na natureza, mas não é apenas a natureza. Enfim... É mais uma benção de Deus.

Quando pensamos na composição de uma árvore, por exemplo, e nos infiltramos nela, entramos no seu universo e podemos observar neste universo "árvore" que todos os 7 Orixás estão se manifestando, conjugadamente ou em paralelo, mas sempre harmoniosamente.

Cada Orixá tem função específica e até as que são antagônicas se harmonizam frente as nossas necessidades, por Graça do Criador.

Para uma melhor compreensão nesta que está parecendo uma viagem ao mundo dos Orixás, vamos primeiro falar sobre as funções e especialidades de cada um ao nível de terra.

O Orixá Oxoce corresponde a nossa necessidade de saúde, nutrição, expansão, energia vital, equilíbrio fisiológico.

O Orixá Ogum corresponde a nossa necessidade de energia, defesa, prontidão para ação, determinação, tenacidade.

O Orixá Xangô corresponde a nossa necessidade de discernimento, justiça, estudo, raciocínio concreto e metódico.

O Orixá Omulu corresponde a nossa necessidade de compreensão de karma, de regeneração, de evolução, transformações e transmutações kármicas.

A Orixá Oxum corresponde a nossa necessidade de equilíbrio emocional, concórdia, amor, complacência e reprodutiva.

A Orixá Iemanjá corresponde a nossa necessidade familiar, estrutural de amor fraternal e filial e bens materiais.

A Orixá Iansã corresponde a nossa necessidade de mudança, deslocamentos, transformações materiais, avanços tecnológicos e intelectivos.

Tudo isso estando equilibrado nos torna pessoas melhores e facilita a nossa passagem na Terra, por isso falei em benção de Deus, e também e manifestações básicas e harmônicas dos Orixás apesar de algumas manifestações serem antagônicas, mas no fundo complementares.

Os 7 Orixás básicos ao se combinarem formam outros Orixás os quais chamamos de desdobramentos do Orixá ou Orixás que foram combinados, mas mesmo assim ainda não são estes que se manifestam em nível de terreiro, mas sim os seus enviados (que falaremos mais tarde)

O único Orixá na Umbanda que não tem desdobramentos é a Orixá Iansã, pois as suas combinações são tão rápidas que não criam reinos, mas apenas manifestações rápidas desta conjugação, não chegando a formar ou fixar-se durante muito tempo a ponto de formar um novo Orixá. Além do mais, outro motivo para isto e o próprio elemento por Ela representado: o Ar. O Ar não se desdobra, não se fixa, mas mistura-se aos demais, entretanto sem mudar a sua essência. O Ar em movimento é o vento que causa mudanças rápidas e essas mudanças são a própria Orixá.

Quando os Orixás se combinam, se unem e se conjugam temos os diferentes desdobramentos que são manifestados através do encontro de um reino com outro, ou manifestações de força da natureza, que em terreiro também recebem nomes diferentes.

Algumas das diferentes combinações de Orixás

Grosso modo poderíamos falar em Orixás dinâmicos e estáticos, mas seria importante ressaltar que nada é estático na natureza, tudo está em constante mudança e transformação, mas que estabeleçamos agora que esse estático quer dizer mais lento e não totalmente parado. Cada Orixá tem, portanto, seu próprio ritmo. Talvez seja mais interessante falarmos em Orixás mais rápidos e de energias de ação, e Orixás mais lentos ou de energia equilibrante e refreadora.

Se pensarmos numa mata, por exemplo, o que os nossos olhos vêem é que ela está "parada" no lugar, mas para que seja exuberante e grande ela está em constante expansão, mudança, num ritmo lento e gradual, sofrendo a ação da fertilidade da terra, da constância dos ventos em espalhar as sementes, na ação do sol para a fotossíntese, enfim, de parada ela não tem nada. Mas seu "movimento" é provocado pela interação de outras forças.

Assim é a energia de Oxoce. Um trabalho constante de surgimento, expansão, crescimento e renovação. A vida se renovando através do trabalho em grupo conjugando infinitas forças.

Encontramos a energia do Orixá Ogum manifestando-se nas matas de Oxoce através do calor do sol, que dará força a energia vital de Oxoce no nascimento dos vegetais, na luta pela sobrevivência dos vegetais que se transformarão em grandes árvores formando a mata. A esta manifestação damos o nome de Ogum Rompe Mato, além dela se apresentar também em nível de terreiro como Caboclo Rompe Mato ou outro nome que estaria associado ao Orixá Ogum, ou seja, manifestações de luta e bravura, determinação e tenacidade, como por exemplo Caboclo Arranca Toco, etc.

Encontramos a energia do Orixá Omulu manifestando-se nas matas de Oxoce através da própria terra de onde irão brotar os vegetais, é a própria base da mata. Em nível de terreiro encontramos essa combinação representada através dos Caboclos Flecheiros e Bugres. Que são Caboclos mais voltados para trabalhos de descarga.

Encontramos a energia do Orixá Xangô manifestando-se nas matas de Oxoce através das pedreiras e que dão contornos e estabelecem limites na expansão da mata. Em nível de terreiro encontramos essa combinação representada através de Caboclos que se apresentam normalmente carregando em seu nome a palavra "Pedra" ou com características mais voltadas a equilíbrio, estudos, etc. Muitas vezes se apresentando tanto na hora em que invocamos Oxoce ou Xangô (dependendo da orientação da Casa).

Encontramos a energia da Orixá Oxum manifestando-se nas matas de Oxoce através da água fertilizadora da terra, auxiliando na expansão e ao mesmo tempo estabelecendo limites e contornos (rios e cascatas). Em nível de terreiro encontramos essa combinação representada através de Caboclos e Caboclas com apresentação mais "dócil", "suave" e mais voltados para cura, manipulação de ervas, etc. Normalmente carregam em seu nome algo do tipo Caboclo "xxx" da Cachoeira, ou Caboclo "xxx" do Rio, etc. Muitas vezes se apresentando tanto na hora em que invocamos Oxoce ou Oxum (dependendo da orientação da Casa).

Encontramos a energia da Orixá Iemanjá manifestando-se nas matas de Oxoce próximas ao litoral, através da função provedora de bens materiais desta Iabá. Em nível de terreiro encontramos essa combinação representada pelos Caboclos e Caboclas do Mar da Praia, etc. Muitas vezes se apresentando tanto na hora em que invocamos Oxoce ou Iemanjá (dependendo da orientação da Casa). Também tem função de descarrego e imantação.

Encontramos a energia da Orixá Iansã manifestando-se nas matas de Oxoce através da ação dos ventos e da chuva e da função transformadora desta Iabá. São caboclos e caboclas que também tem como especialidade descarga rápida e transformadora.

Além, é claro, da conjugação de Oxoce com Ele mesmo, que encontramos os diversos Caboclos, como Tupinambá, Cobra Coral, etc.

Buscamos através desses exemplos mostrar a facilidade com que os Orixás se combinam, se conjugam e se harmonizam, sem perderem suas essências mas agregando outras, são todos Caboclos e Caboclas de Oxoce mas que adquiriram outras características vibratórias ao se combinarem e conjugarem com outros Orixás.

Em função de sua característica básica de expansão, o Orixá Oxoce foi associado ao planeta Júpiter, que rege a quinta-feira, e por extensão é o dia em que cultuamos Oxoce na Umbanda.[2]

Existem dois Orixás na Umbanda que não possuem reinos específicos, mas atuam em todos, que são Ogum e Iansã, através de suas energias e funções.

O Orixá Ogum representa ou se manifesta através da luta pela sobrevivência e por isso está associado a defesa de todos os reinos, além de estar diretamente associado ao início de tudo, ao novo, a conquista.

Ao encontrarmos a energia do Orixá Ogum, cujo elemento é o fogo, manifestando-se no reino do Orixá Omulu, que é a terra, o chão, o solo, através do calor o sol e traduzimos isso para a calunga pequena ou cemitério, que em termos ritualísticos de Umbanda é o reino de Omulu, temos a formação do desdobramento de Ogum que chamamos de Ogum Megê. Ou seja, é o Orixá Ogum atuando na defesa do reino do Orixá Omulu em combinação vibratória com o mesmo, formando este desdobramento de Ogum. É o Ogum magista, ou seja, conquista/defesa através da magia.

Quando o Orixá Ogum manifesta-se na defesa do reino de Xangô, encontramos o desdobramento chamado de Ogum de Lei, ou seja, combinação vibratória do Orixá Ogum com o Orixá Xangô. Em nível de necessidade nossa de terra (ou terreiro) é quando Ogum atua na execução de justiça. É o Ogum da ponderação, ou seja, conquista/defesa através da ponderação, da estratégia.

Ao cruzamento vibratório do Orixá Ogum com o Orixá Oxoce, conforme já falamos, damos o nome de Ogum Rompe Mato. É o Ogum do imediatismo, ou seja, conquista/defesa através da expansão.

Ao cruzamento vibratório do Orixá Ogum com a Orixá Oxum, ou seja, Ogum atuando na defesa dos rios e cascatas, damos o nome de Ogum Iara. É o Ogum da diplomacia, ou seja, conquista/defesa através da concórdia, diplomacia.

E finalmente o Orixá Ogum atuando na defesa do reino de Iemanjá, juntamente com a Orixá Iansã (ação sazonal dos ventos e tempestades causando a turbulência das ondas) damos o nome a esta manifestação de Ogum Beira-Mar. É o Ogum do inesperado, ou seja, conquista/defesa através de ações inesperadas.

Uma observação importante a se fazer é que cada vez que um Orixá se desdobra por combinar-se com outro, ele absorve algumas de características do Orixá com o qual se combinou, gerando e atendendo assim outras necessidades nossas.

Especificando:

*

Ogum Megê – este desdobramento de Ogum, gerado pela união dos elementos terra (Omulu) e fogo, está presente nos assuntos atinentes a desmanche de magia.
*

Ogum de Lei – este desdobramento de Ogum está presente nos assuntos atinentes a execução de justiça.
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Ogum Iara – este desdobramento de Ogum está presente nos assuntos atinentes a conquistas diplomáticas.
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Ogum Rompe Mato – este desdobramento de Ogum está presente nos assuntos pertinentes a coisas de solução rápida, revigorantes e de conquista de espaço de maneira geral.
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Ogum Beira Mar – este desdobramento de Ogum está presente nos assuntos atinentes a conquista material e de fortuna.

Estas são as manifestações mais comuns que se apresentam nos terreiros e são considerados chefes de linha, outras encontradas em nível de terreiro são consideradas desdobramentos destes desdobramentos.

Em função de sua característica básica de luta e guerra, o Orixá Ogum foi associado ao planeta Marte, que rege a terça-feira, e por extensão é o dia em que cultuamos Ogum na Umbanda.[3]

Ao pensarmos no Senhor da terra, o Orixá Omulu, o vemos como a base para o cumprimento de nossa missão na terra. Ele é a base de tudo. É na terra que transmutamos o nosso karma, por isso que sendo a nossa base, sempre nos lembra de nosso karma, e nos dá a compreensão do mesmo.

Ele não se combina com os outros Orixás, os outros Orixás é que se combinam com ele, gerando desdobramentos neles.

Os desdobramentos do Orixá Omulu se dão dentro dele mesmo, observando-se a natureza, vemos isso nos diferentes tipos de solo, que gerarão diferentes combinações de Orixás em função disto. Um dos desdobramentos mais conhecidos de Omulu é o Orixá Obaluaê.

Se nenhum outro Orixá existisse, o Orixá Omulu (terra) existiria e o tipo de vida que encontraríamos qual seria? Com isso quero dizer que nenhum Orixá é auto-suficiente e nem se basta, mas as suas combinações e dinamismo é que nos permitem conhecer a vida como a conhecemos.

É como um grande plano de Deus, que em sua generosidade infinita nos deu a base e as condições para que evoluíssemos e crescêssemos.

De nada adianta a base se não temos as condições e o inverso também é verdadeiro.

Por isso é tão importante que não "desprezemos" nenhum Orixá em nosso culto às forças da natureza.

Existe grande confusão com relação a magnitude deste Orixá onde alguns chegam a confundi-lo com Exu. Isto se deve a capacidade de manipulação magística e transformadora de Omulu, da qual Exu é apenas executor. Além do mais Omulu é Orixá e Exu não é.

Sendo a própria terra, onde caminhamos e nos sustentamos, e sendo a terra geradora permanente de vida, encontramos nela a primeira grande magia de Omulu, que é a famosa força da gravidade, que atrai tudo para si, assim como também, as diversas forças dos demais Orixás formando novas conjugações como as já citadas e que citarei ainda.

Por atrair tudo para si, e sugar as energias negativas transformando-as em positivas, transmutando e transformando tudo que nela toca e entra, este Orixá se desdobra dentro de si mesmo. É por isso que Ele não "vai" a outros Orixás, mas os outros é que vem a Ele.

Por tudo isso é que afirmo que confundir o Orixá Omulu com Exu é no mínimo incoerente, entretanto compreensível, pois para entender Sua Magnitude é preciso exercício mental, e isto poucos estão dispostos a fazer.

Sendo o Orixá que permanece no limite entre vida e morte, também foi associado a saúde e doença. Dentro de uma coerência e lógica, você acha realmente que Deus teria enviado um raio a terra cuja função fosse nos trazer doenças? A sua associação a saúde está justamente em função de ser da terra que brotam as ervas curadoras, mas estas são de Oxoce. Bênçãos de Omulu, sem dúvida, mas pertencem a Oxoce, este sim o Orixá da Cura, da Saúde.

Por outro lado a função de Omulu junto a área da saúde também se justifica pelo fato de ser ele o absorvedor e transformador de todas as energias negativas geradas e atraídas por qualquer doença em energia curadora, utilizada e manipulada por Oxoce.

Em função de sua característica básica de consciência kármica, tempo e lentidão, o Orixá Omulu foi associado ao planeta Saturno, que rege o sábado, e por extensão é o dia em que cultuamos Omulu na Umbanda.[4]

Ao continuarmos a análise das diversas combinações dos Orixás encontramos o Orixá Xangô atuando principalmente no equilíbrio das diversas forças. Xangô é o Orixá que está associado ao estudo, discernimento, e conseqüentemente a justiça. Observando a natureza vemos a pedreira entre a terra e o mar, impondo limites, pois a água salgada não germina a terra, mantendo portanto o equilíbrio ecológico. Encontramos também sua manifestação natural através do trovão.

Existem inúmeros desdobramentos de Xangô, mas não estão relacionados as combinações de outras forças mas ao equilíbrio das mesmas (poderíamos ousar afirmar que está seria a principal função deste Orixá em nível de natureza), assim temos:

· Xangô D'jacutá – regência geral da linha de Xangô (grosso modo seria a própria pedreira, harmonia com Oxoce).

· Xangô Alafim-Eché – este desdobramento consiste na atuação junto a necessidade de fazer cessar as tempestades (atuando como energia refreadora, equilibradora) e auxiliar oradores intelectuais (inspirando método e orientação). Atuando com Iansã.

· Xangô Alufam – este desdobramento atua principalmente na função de encaminhar das almas desencarnadas, atuando juntamente com Omulu, na justiça e organização desta atividade.

· Xangô Agodô – este desdobramento atua principalmente presidindo as cerimônias de fé e de batismo. Grande auxiliar das intuições puras. Atuando com Oxum.

· Xangô Aganju – Protetor dos lares, da harmonia conjugal. Atuando com Iemanjá.

· Xangô Abomi – este desdobramento atua principalmente no equilíbrio de raciocínio e método e defesa nas horas de grande aflição. Atuando com em harmonia com Ogum.

Importante ressaltar que as definições ou descrições os diferentes desdobramentos de Xangô, assim como com os dos demais desdobramentos de cada Orixá, são apresentadas muito mais com objetivos didáticos do que litúrgicos, pois a essência de cada Orixá permanece sempre a mesma em todos os seus desdobramentos e momentos de atuação.

Em função de sua característica básica de estar ligado a parte intelectiva, o Orixá Xangô foi associado ao planeta Mercúrio, que rege a quarta-feira, por extensão é o dia em que cultuamos Xangô na Umbanda.

Ao analisarmos a Orixá Oxum, e nos reportarmos ao seu elemento (água) e a seu reino (cachoeiras e rios), encontramos os seguintes desdobramentos:

· Oxum Iara - ou simplesmente Oxum – essência da Oxum. Sentimento, amor, concórdia, harmonia, união.

· Oxum Marê – manifesta-se quando do encontro das águas de Oxum com as águas de Iemanjá. São as águas turbulentas. Em termos de significado e tradução para as nossas vidas, é o encontro do passado com o presente, de uma essência com a outra. Revisão de sentimentos (Oxum), turbulência de sentimentos (choque das duas águas), relacionados a nossa formação familiar (Iemanjá).

· Oxum Diapandá – manifesta-se na superfície das águas salgadas (onde a água é menos salgada). Absoluta harmonia com Iemanjá. Na sua compreensão de atuação junto a nós, é quando após a revolução de sentimentos (Oxum Marê), nos acomodamos na placidez das águas superficiais, sem grande envolvimento de sentimentos profundos, mas mais voltados aos sentimentos e aspirações materiais.

Considerada popularmente como sendo somente a Orixá do amor, entendemos como sendo a Orixá do misticismo, do sentimento, da concórdia e harmonia.

Em função de sua característica básica de estar ligada diretamente a sentimento, emoções e amor, a Orixá Oxum foi associada a Lua, que rege a segunda-feira, por extensão é o dia em que cultuamos Oxum na Umbanda.[5]

Muitos cultuam o Orixá Omulu na segunda-feira em função das Almas, mas lembramos que as águas da Oxum correm onde? Na terra. Que é de quem? Omulu. Com relação a isto, muitos já devem ter observado uma certa sensação melancólica, não chega a ser tristeza, mas uma "emoção", muitas vezes indescritível, conjugada com a vibração de incorporação de Oxum. Algumas enviadas choram. Isto tudo se deve ao fato das águas correrem pela terra de Omulu, "carregando" com elas as Almas, das quais Omulu é o Mestre e Senhor, mas que em contato com Oxum, traduzem em nível de terreiro e incorporação, nesta "melancolia" que às vezes sentimos.

Por isso as Almas vibram em segunda vibração na segunda-feira dia de regência da Oxum.

Analisando a Orixá Iemanjá e nos reportando ao seu reino o mar, associamos sempre que quem mora perto do mar, nunca morre de fome, não é verdade? Por isso ela é a grande provedora dos bens materiais, a grande mãe, que nos dá o conforto, o alimento, além de ser representada pelo maior de todos os reinos, o mar. Soberania.

Em função de sua característica básica de estar ligada diretamente a família e ao amor familiar e fraterno, a Orixá Iemanjá foi associada a Vênus, que rege a sexta-feira, por extensão é o dia em que cultuamos Iemanjá na Umbanda.[6]

Por fim, analisando a Orixá Iansã, que como já dissemos não tem reino específico, reportemo-nos a seu elemento primeiro o ar. Presente em todos os reinos, conjugando-se a todos os Orixás, mas não estabelecendo nenhum desdobramento específico pois sempre que atua é em nível de mudança, transformação, como energia propulsora e renovadora. Em nível de terra esta Orixá está diretamente relacionada ao intelecto, tal como Xangô, mas de forma distinta, pois o Xangô é de energia refreadora, em termos práticos, coloca o método no pensamento ágil gerado pela Orixá Iansã. Conseqüentemente, esta Iabá está diretamente ligada aos avanços tecnológicos, e não apenas as mudanças climáticas.

Em função de sua característica básica de estar ligada diretamente ao intelecto, a Orixá Iansã foi associada ao planeta Mercúrio, que rege a quarta-feira, por extensão é o dia em que cultuamos Iansã na Umbanda.[7]

Assim podemos dizer que os Orixás, depois de atravessarem os diversos planos e sub-planos e chegarem até nós, nos apresentam infinitas formas de auxilio, através de suas combinações e desdobramentos. Poderíamos com isso, trazendo para linguagem de terra tentar resumir os "assuntos" a que cada um essencialmente atuaria e auxiliaria. Assim temos:

· Oxoce – saúde, energia vital, fisiologia, farmacologia, sociedade, trabalho em grupo.

· Ogum – defesa, energia propulsora, conquista.

· Xangô – equilíbrio, discernimento, justiça, estudo.

· Omulu – consciência de karma, transmutação kármica, magia,

· Oxum – equilíbrio emocional, amor, concórdia

· Iemanjá – união familiar, formação familiar, bens materiais

· Iansã – inteligência, avanços tecnológicos, mudanças, transformações materiais

Considerações sobre a Orixá Nanã

Consideramos Nanã a Soberana das Águas, as águas originais, o início da vida, a água de mina. Conseqüentemente estando "acima" das demais Orixás ligadas ao elemento água, não é Orixá Básico, conseqüentemente não é Regente de Ori. As manifestações encontradas em nível de terreiro, são manifestações de uma das três Iabás (Iemanjá, Oxum ou Iansã) em vibração mais "velha".

Nanã é o momento inicial em que a água brota da terra ou da pedra, a partir do momento que a água corre, já é Oxum. Portanto não compreendemos como "lama" (mistura de água com terra) mas sim como Soberana de Todas as Águas.

Dicionário desta parte: (Houaiss – Editora Objetiva)

Esotérico: Adj. 1. FIL diz-se do ensino que, em certas escolas da Grécia antiga, destinado a discípulos particularmente qualificados, completava e aprofundava a doutrina. 1.1 FIL m.q. ACROMÁTICO 2 p.ext. diz-se de todo ensinamento ministrado a círculo restrito e fechado de ouvintes 3. diz-se de ciência, doutrina ou prática fundamentada em conhecimentos de ordem sobrenatural. 4. fig. Compreensível apenas por poucos; hermético . ETIM gr. Mais íntimo, dentro. ANT. exotérico.

Esoterismo: s.m. 1. atitude doutrinária, pedagógica ou sectária segundo a qual certos conhecimentos (relacionados com a ciência, a filosofia e a religião) não podem ou não devem ser vulgarizados, mas comunicados a um pequeno número de iniciados. 2. ciência, doutrina ou prática baseada em fenômenos sobrenatuais. 3. fig. Caráter de uma obra hermética, enigmática. ETIM. Esotérico esoter + ismo.

Exotérico: Adj. 1. passível de ser ministrado ao grande público e não somente a um grupo seleto de alunos (diz-se de ensino). 2. diz-se de cada um dos escritos aristotélicos destinados ao grande público, em que forma de diálogos, dos quais só restaram fragmentos. 3. diz-se dos ensinamentos e doutrinas que, nas escolas da Antiguidade grega, eram transmitidos em público. 3.1 . p. ext. comum, vulgar, trivial. ETIM. Externo, que pertence ao lado de fora

Teogonia: 1. Nas religiões politeístas, narração do nascimento dos deuses e apresentação da sua genealogia. 2. (1874) conjunto de divindades cujo culto fundamenta a organização religiosa de um povo politeísta. ETIM gr. Theogonia, origem ou nealogia dos deuses.

[1] Não incluímos Oxalá na relação de Orixás Básicos por considerá-lo acima dos demais Orixás e por considerá-lo a conjugação de todos os demais Orixás, energia primeira e original emanada de Zambi ou Olorum, O Criador de Todas as Coisas, portanto Oxalá não é Orixá Básico, conseqüentemente não é regente de Ori (coroa) de médium nenhum na Umbanda, todos somos Filhos de Oxalá. Além do mais estamos falando em manifestações em nível de terreiro, ou seja, em nível de incorporação e na Umbanda ninguém incorpora Oxalá. Alguns se referem a Ele como Orixá Maior.

[2] Farei a partir deste ponto a descrição básica dos planetas justificando assim a associação com os Orixás.

As palavras chaves para o planeta Júpiter são energia expansiva. É um enorme planeta que traz expansão. Tudo cresce com Júpiter. Tudo se engrandece. Tudo chega às máximas dimensões. Com Júpiter, a curva alcança seu ponto mais elevado, é o pico. (do livro Calendário Cósmico de Stellrius – editora Nova Era). Júpiter representa a necessidade de espiritualidade e de religiosidade. Além disso é a extensão e a expansão do instinto primitivo. É o crescimento de qualquer coisa, embora na sua função mais evoluída seja o crescimento do conhecimento e do entendimento. Júpiter simboliza o princípio da expansão na esfera de ação e de experiências na qual a pessoa vive. (do livro Conhecimento da Astrologia – Manual Completo de Anna Maria Costa Ribeiro)

[3] As palavras chaves para Marte são energia de ação. O "guerreiro" sai para enfrentar as tarefas da vida com valentia, coragem e decisão. A energia de Marte dá impulso. (do livro Calendário Cósmico de Stellrius – editora Nova Era). É a resposta ao estímulo. Sem Marte não sobrevivência. E, por isso, também é sexo. Mas como sexo, não pode agir sozinho. Precisa de Vênus. Um é iniciativa, outro é gostar; um é expressão ativa, outro é a experiência de mergulhar. É Marte que obriga as pessoas a competirem, eliminando o mais fraco: duas pessoas não podem ocupar o mesmo lugar ao mesmo tempo. (do livro Conhecimento da Astrologia – Manual Completo de Anna Maria Costa Ribeiro)

[4] A palavra chave para o planeta Saturno é concretização. É o planeta dos anéis. Os anéis de Saturno delimitam, estabelecem fronteiras. As fronteiras nos avisam que há um tempo para tudo, nos atam a uma forma, nos contêm, não nos deixam sair. Ele nos trás o silêncio e a concentração. (do livro Calendário Cósmico de Stellrius – editora Nova Era). Saturno é a realidade, mas às vezes pensamos que a realidade é a verdade. Realidade é estrutura e limitação, e precisa-se de algo que defina a nossa situação, uma organização que nos dê apoio. Amadurecer e aceitar as responsabilidades, saber claramente quem somos e de que somos capazes, comprometer-se. Exige obediência e disciplina, podendo ser rígido e sem misericórdia. É o pai ditando ordens; a normalidade das pessoas e situações, ser estável. (do livro Conhecimento da Astrologia – Manual Completo de Anna Maria Costa Ribeiro)

[5] "As palavras chaves para a Lua são energia nutritiva. A característica destacável da lua é sua qualidade feminina, receptiva. A Lua representa o profundo, o silencioso, o noturno, o aquático." (do livro Calendário Cósmico de Stellrius – editora Nova Era). Representa a matriz, a fonte, origem de todas as coisas, é um recipiente que dá forma e limite. É ter um local próprio para si, representa a maternidade, portanto o fundamento e a base da existência. Representa também a emoção, aquilo que está dentro de nós, estruturado, desde cedo. São os reflexos emocionais, os comportamentos automáticos e instantâneos. É o nosso inconsciente, que nos liga a tudo, a todos, a qualquer lugar sem separação: o modo de percepção. (do livro Conhecimento da Astrologia – Manual Completo de Anna Maria Costa Ribeiro)

[6] "Vênus é o planeta que produz o brilho intenso de seu radiante azul-prateado. A energia de Vênus é suave e cálida. Envolvente e magnética. Produz prazer. Tudo se cobre de brilhos refinados com a chegada de Vênus." (do livro Calendário Cósmico de Stellrius – editora Nova Era). Vênus representa a necessidade de unir opostos, é a atração que une homem e mulher. Além disso, é a união entre as pessoas em geral. Vênus é a necessidade que as pessoas têm de se compromissarem e se completarem, estar junto. Daí pode desenvolver-se a união entre os dois para um relacionamento maiôs de grupo, para qualquer forma de vida com outra pessoa. É companhia, não é solidão. O relacionamento ocorre, então, como uma dependência mútua, ninguém pode viver completamente só. Vênus passa a ser a função de expressar afeto e amor. E a vontade de ser desejada e apreciada e para isso usar seus atributos de atração. (do livro Conhecimento da Astrologia – Manual Completo de Anna Maria Costa Ribeiro)

[7] Mercúrio – palavras chaves: Energia mental. A sua energia está associada à atividade mental. Mercúrio se move rápido, tão rápido como os pensamentos. (do livro Calendário Cósmico de Stellrius – editora Nova Era). Representa, no ser humano, o pensamento, reflexão, análise e troca de idéias. Se não houvesse Mercúrio, não haveria a mente racional e o homem seria puramente instintivo. É a capacidade de aprender e assimilar suas experiências e achar um meio de comunicá-las por em prática, e também de comunicar seus pensamentos. Tem a natureza dupla do pensamento interior e da comunicação exterior.



(do livro Conhecimento da Astrologia – Manual Completo de Anna Maria Costa Ribeiro)

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Iemanjá

Com o casamento de Obatalá, o Céu, com Odudua, a Terra, que se iniciam as peripécias dos deuses africanos. Dessa união nasceram Aganju, a Terra, e Iemanjá (yeye ma ajá = mãe cujos filhos são peixes), a Água. Como em outras antigas mitologias, a terra e a água se unem. Iemanjá desposa o seu irmão Aganju e tem um filho, Orungã.

Orungã, o Édipo africano, representante de um motivo universal, apaixona-se por sua mãe, que procura fugir de seus ímpetos arrebatados. Mas Orungã não pode renunciar àquela paixão insopitável. Aproveita-se, certo dia, da ausência de Aganju, o pai, e decide-se a violentar Iemanjá. Essa foge e põe-se a correr, perseguida por Orungã. Ia esse quase alcançá-la quando Iemanjá cai no chão, de costas e morre. Imediatamente seu corpo começa a dilatar-se. Dos enormes seios brotaram duas correntes de água que se reúnem mais adiante até formar um grande lago. E do ventre desmesurado, que se rompe, nascem os seguintes deuses: Dadá, deus dos vegetais; Xango, deus do trovão; Ogum, deus do ferro e da guerra; Olokum, deus do mar; Oloxá, deusa dos lagos; Oiá, deusa do rio Niger; Oxum, deusa do rio Oxum; Obá, deusa do rio Obá; Orixá Okô, deusa da agricultura; Oxóssi, deus dos caçadores; Oké, deus dos montes; Ajê Xaluga, deus da riqueza; Xapanã (Shankpannã), deus da varíola; Orum, o Sol; Oxu, a Lua.

Os orixás que sobreviveram no Brasil foram: Obatalá (Oxalá), Iemanjá (por extensão, outras deusas-mães) e Xango (por extensão, os outros orixás fálicos).

Com Iemanjá, vieram mais dois orixás yorubanos, Oxum e Anamburucu (Nanamburucu). Em nosso país houve uma forte confluência mítica: com as Deusas-Mães, sereias do paganismo supérstite europeu, as Nossas Senhoras católicas, as iaras ameríndias.

A Lenda tem um simbolismo muito significativo, contando-nos que da reunião de Obatalá e Odudua (fundaram o Aiê, o "mundo em forma"), surgiu uma poderosa energia, ligada desde o princípio ao elemento líquido. Esse Poder ficou conhecido pelo nome de Iemanjá.

Durante os milhões de anos que se seguiram, antigas e novas divindades foram unindo-se à famosa Orixá das águas, como foi o caso de Omolu, que era filho de Nanã, mas foi criado por Iemanjá.

Antes disso, Iemanjá dedicava-se à criação de peixes e ornamentos aquáticos, vivendo em um rio que levava seu nome e banhava as terras da nação de Egbá.

Quando convocada pelos soberanos, Iemanjá foi até o rio Ogun e de lá partiu para o centro de Aiê para receber seu emblema de autoridade: o abebé (leque prateado em forma de peixe com o cabo a partir da cauda), uma insígnia real que lhe conferiu amplo poder de atuar sobre todos os rios, mares, e oceanos e também dos leitos onde as massas de águas se assentam e se acomodam.

Obatalá e Odudua, seus pais, estavam presentes no cerimonial e orgulhosos pela força e vigor da filha, ofereceram para a nova Majestade das Águas, uma jóia de significativo valor: a Lua, um corpo celeste de existência solitária que buscava companhia. Agradecida aos pais, Iemanjá nunca mais retirou de seu dedo mínimo o mágico e resplandecente adorno de quatro faces. A Lua, por sua vez, adorou a companhia real, mas continuou seu caminho, ora crescente, ora minguante..., mas sempre cheia de amor para ofertar.

A bondosa mãe Iemanjá, adorava dar presentes e ofereceu para Oiá o rio Níger com sua embocadura de nove vertentes; para Oxum, dona das minas de ouro, deu o rio Oxum; para Ogum o direito de fazer encantamentos em todas as praias, rios e lagos, apelidando-o de Ogum-Beira-mar, Ogum-Sete-ondas entre outros.

Muitos foram os lagos e rios presenteados pela mãe Iemanjá a seus filhos, mas quanto mais ofertava, mais recebia de volta. Aqui se subtrai o ensinamento de que "é dando que se recebe".

Deusa Lunar da Mudança

A Deusa Iemanjá rege a mudança rítmica de toda a vida por estar ligada diretamente ao elemento água. É Iemanjá que preside todos os rituais do nascimento e à volta as origens, que é a morte. Está ainda ligada ao movimento que caracteriza as mudanças, à expansão e o desenvolvimento.

É ela, como a Deusa Ártemis o arquétipo responsável pela identificação que as mulheres experimentam de si mesmas e que as definem individualmente.

Iemanjá quando dança, corta o ar com uma espada na mão. Esse corte é um ato psíquico que conduz a individualização, pois Iemanjá separa o que deve ser separado, deixando somente o que é necessário para que se apresente a individualidade.

Sua espada, portanto, é um símbolo de poder cortante que permite a discriminação ordenativa, mas que também pode levar ao seu abraço de sereia, à regressão e à morte.

Em sua dança, Iemanjá coloca a mão na cabeça, um ato indicativo de sua individualidade e por isso, é chamada de"Yá Ori", ou "Mãe de Cabeça". Depois ela toca a nuca com a mão esquerda e a testa com a mão direita. A nuca é símbolo do passado dos homens, ao inconsciente de onde todos nós viemos. Já a testa, está ligada ao futuro, ao consciente e a individualidade.

A dança de Iemanjá pode ser percebida como uma representação mítica da origem da humanidade, do seu passado, do seu futuro e sua individualização consciente. É essa união antagônica que nos dá o direito de vivermos o "aqui" e o "agora", pois sem "passado", não temos o "presente" e sem a continuidade do presente, não teremos "futuro". Sugere ainda, que a totalidade está na união dos opostos do consciente com o inconsciente e dos aspectos masculinos com os femininos.

Como Deusa Lunar, Iemanjá tem como principal característica a "mudança". Ela nos ensina, que para toda a mulher, o caráter cíclico da vida é a coisa mais natural, embora seja incompreendido pelo sexo masculino.

A natureza da mulher é impessoal e inerente a ela como um ser feminino e altera-se com os ciclos da lua: fase crescente, cheia, meia-fase até a lua obscura. Essas mudanças não só se refletem nas marés, mas também no ciclo mensal das mulheres, produzindo um ritmo complexo e difícil de entender. A vida física e psíquica de toda a mulher é afetada pela revolução da lua e a compreensão desse fenômeno nos propicia o conhecimento de nossa real natureza instintiva. Em poder desse conhecimento, podemos domesticar com o esforço consciente as inclinações cíclicas que operam-se a nível inconsciente e nos tornarmos não tão dependentes desses aspectos escondidos de nossa natureza semelhante aos da lua.

Texto pesquisado e desenvolvido por Rosane Volpatto

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Oração Cigana

Rudimos Kau Del le romengue:

Deula, tu cai san o mai bharô ando tchere
e ande lumia. Amen lê romá si amen
tiro anau ande amarê ile, ai ando
amaro guindo; saco dies ando amaro traio
Querta deula te avel tiro vast pe amare
Cherê, lê amendar sama catar e nasulimata
Catar o nasfalimos, te na pêras ando guindo
Lê bi lache. Tu cai todiamnamen te piras
pe lumia sar tire manuch, sicau amen que
o drom o lachô, tai cana avela amaro tchasso
te chai te tchumidas tire punrre.
Deula, tu que garavessamen cana vustias
Diminhatse lê camesa, rudiuma tute
Te lessamem sama amaro gau, ai cana
Amboldassa quere te areçás amare familía
Impatch sastimassa
Deula, tu cai san lusso mangauto te pires
Ando murro vast o tchatchô, ai ando vast o
Istingo anglal, tai palal te lês sama murre
Zêia. E naissisarau que janau as so doe cime
Ando traio, sima sostar tu dianma.

A Torre de Babel Yorubá

Conta uma tradição oral de matriz africana que no principio havia uma única verdade no mundo. Entre o Orun (mundo invisível, espiritual) e o Aiyê (mundo natural) existia um grande espelho. Assim tudo que estava no Orun se materializava e se mostrava no Aiyê. Ou seja, tudo que estava no mundo espiritual se refletia exatamente no mundo material. Ninguém tinha a menor dúvida em considerar todos os acontecimentos como verdades. E todo cuidado era pouco para não se quebrar o espelho da Verdade, que ficava bem perto do Orun e bem perto do Aiyê.

Neste tempo, vivia no Aiyê uma jovem chamava Mahura, que trabalhava muito, ajudando sua mãe. Ela passava dias inteiros a pilar inhame. Um dia, inadvertidamente, perdendo o controle do movimento ritmado que repetia sem parar, a mão do pilão tocou forte no espelho, que se espatifou pelo mundo. Mahura correu desesperada para se desculpar com Olorum (o Deus Supremo).

Qual não foi a surpresa da jovem quando encontrou Olorum calmamente deitado à sombra de um iroko (planta sagrada, guardiã dos terreiros). Olorum ouviu as desculpas de Mahura com toda a atenção, e declarou que, devido à quebra do espelho, a partir daquele dia não existiria mais uma verdade única.

E concluiu Olorum: "De hoje em diante, quem encontrar um pedaço de espelho em qualquer parte do mundo já pode saber que está encontrando apenas uma parte da verdade, porque o espelho espelha sempre a imagem do lugar onde ele se encontra".
Portanto, para seguirmos a vontade do Criador, é preciso, antes de tudo, aceitar que somos todos iguais, apesar de nossas diferenças. E que a Verdade não pertence a ninguém. Há um pedacinho dela em cada lugar, em cada crença, dentro de cada um de nós.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Mirdad: Do Conhecimento

Fonte: http://www.saindodamatrix.com.br/archives/2009/08/gibran_do_conhe.html

Por Gibran Khalil Gibran (livro "O profeta")

E um homem disse: "Fala-nos do conhecimento de si próprio."
E ele respondeu, dizendo:
"Vosso coração conhece em silêncio os segredos dos dias e das noites;
Mas vossos ouvidos anseiam por ouvir o que vosso coração sabe.
Desejais conhecer em palavras aquilo que sempre conhecestes em pensamento.

Quereis tocar com os dedos o corpo nu de vossos sonhos. E é bom que o desejeis.

A nascente secreta de vossa alma precisa brotar e correr, murmurando para o mar;
E o tesouro de vossas profundezas ilimitadas precisa revelar-se a vossos olhos.
Mas não useis balanças para pesar vossos tesouros desconhecidos;
E não procureis explorar as profundidades de vosso conhecimento com uma vara ou uma sonda,
Porque o Eu é um mar sem limites e sem medidas.

Não digais: 'encontrei a verdade.' Dizei de preferência 'Encontrei uma verdade.'
Não digais: 'Encontrei o caminho da alma.' Dizei de preferência: 'Encontrei a alma andando em meu caminho.'
Porque a alma anda por todos os caminhos.
A alma não marcha em linha reta nem cresce como um junco.
A alma desabrocha, qual um lótus de inúmeras pétalas."


Então, um professor disse: "Fala-nos do ensino."

E ele respondeu, dizendo:
"Homem algum poderá revelar-vos senão o que já está meio adormecido na aurora do vosso entendimento.
O mestre que caminha à sombra do templo, rodeado de discípulos, não dá de sua sabedoria, mas sim de sua fé e de sua ternura.
Se ele for verdadeiramente sábio, não vos convidará a entrar na mansão de seu saber, mas vos conduzirá antes ao limiar de vossa própria mente.

O astrônomo poderá falar-vos de sua compreensão do espaço, mas não vos poderá dar a sua compreensão.
O músico poderá cantar para vós o ritmo que existe em todo o universo, mas não vos poderá dar o ouvido que capta a melodia, nem a voz que a repete.
E o versado na ciência dos números poderá falar-vos do mundo dos pesos e das medidas, mas não vos poderá levar até lá.

Porque a visão de um homem não empresta suas asas a outro homem.

E assim como cada um de vós se mantém isolado na consciência de Deus, assim cada um deve ter sua própria compreensão de Deus e sua própria interpretação das coisas da terra."